domingo, 24 de dezembro de 2006

PROCURA-SE

procura-se gertrud.

procura-se a flor do meu coração.

qqer informação sobre o paradeiro da(s) mesma(s), e-mail para: trotamundus@yahoo.com.br


recompensa:
uma noite de prazer na toca da treta.
(maiores detalhes por e-mail)

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

a água que escorre

o livro é inteiro digno de citação.
pena ficar aqui apenas com o primeiro parágrafo.


"É com uma alegria tão profunda. É uma tal aleluia. Aleluia, grito eu, aleluia que se funde com o mais escuro uivo humano da dor de separação mas é grito de felicidade diabólica. Porque ninguém me prende mais. Continuo com capacidade de raciocínio - já estudei matemática que é a loucura do raciocínio - mas agora quero o plasma - quero me alimentar diretamente da placenta. Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é o desconhecido. O próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena."


LISPECTOR, Clarice. Água Viva.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

eu perseu

e assim vai.
por favor, leiam clarice.


"Perseu porém não a olhava mais, agora interessado em penetrar a escuridão através da vidraça. Nenhuma mulher receberia o calor de sua alma que ele um dia talvez desse a um amigo. Esquecera a mulher e espiava a noite pela vidraça - instável, silencioso no impermeável. Mas não era apenas uma força cega. Ser um homem guiava-o através do mistério"

LISPECTOR, Clarice. A cidade sitiada.

sábado, 11 de novembro de 2006

amooooor

foi quando eu conheci diogo.

e descobri com ele que o amor era curto e grosso.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

o vazio é pleno

então. ela fala do amor de maneira elevada.

"Então era isso o amor por pessoas, reconheceu ela. Também esse amor era claro e inexplicável. Mas bom - pão e vinho e bondade. Sim, sim, ela estava bastante perdida. Bem lhe parecera sempre que antes de mais nada era preciso se perder. Bem sabia que, tentando através da sala de visitas olhar as coisas que existem, não tivera coragem de ser guiada pelos objetos: caíra, sim, porém tivera medo e agarrara-se onde pudera. Se tivesse caído até o fim, saberia que fim de queda era estar sob o céu estrelado? e era ver que o mundo é redondo, e que o vazio é pleno, e que o milho crescendo é espírito."

LISPECTOR, Clarice. A cidade sitiada.


ainda perdida por entre os corredores da própria mente
como eu poderia me esquecer de olhar para o relógio no meu pulso direito?
ao ódio deu lugar o amor
e de repente só sobrara inveja
uma inveja má e invencível

e eu nunca mais amaria ninguém
como havia a amado

e nunca mais amaria ninguém

terça-feira, 24 de outubro de 2006

e o livro sendo escrito

- Tenho que parar de fumar.
- Eu também. Mas enquanto isso não acontece eu vou fumando.

E Marcelo acendeu mais um cigarro. E Lavínia sorriu em mutualidade e acendeu ainda mais um.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

o perder-se no espelho

Perco-me mais uma vez, cara mia
E perdendo-me penso em você me superando
Em tamanho
E conhecimentos diversos dos meus

E me desprezo ao pensar perder-me assim
Tão pequena e desesperada, quase vil descuidadamente
Nas mãos de sua imagem no espelho.

Nos sonhos de outro deus acreditado.



(p/ j.)

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

carta para mais um carneiro

(...)

mais uma vez o tic tac do relógio. A madrugada tocando seus instrumentos. A minha alma única e desconhecida. Minha carne certa, sólida como pedra. O fardo da consciência por sobre as costas de mármore. Caminho no ritmo do tempo, sempre tão intangível mas essencialmente dominante em todos os níveis de pensamento. O sentimento permeando tudo. A certeza do irrevogável destino de tudo: a finitude que necessita solenidade.

Sou eu e meu coração que pulsa pelo poder do universo. Nesse sentido, o amor se expande a todos os níveis também, colorindo vermelho minha forma de pensar. Como ainda mais linda ela seria se pudesse ser minha de corpo, alma e consciência. Seus lábios curvilíneos seriam ainda mais perfeitos e suas manias seriam mágicas. Ainda assim, da maneira que toda ela é, ainda assim sua presença é música para meus ouvidos. Ela única com suas próprias decisões.

E o amor que também acaba é o amor que dura como dízima periódica, o amor que continua pelas reticências afora.

A vida, tão finita. Solenimente a vida eterna e única.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Emparelhado à Brasília verde e amarela

Depois de um tempo em Brasília
talvez você pudesse compreender que as melhores
lembranças estão em carros velhos.

Mas por certo você compreende
A benção de uma chuva;
E o quanto a mesma chuva pode ser um motivo
Para imprecações até mesmo amaldiçoadas,
A desgraça filha do cão
Nas barras molhadas das calças na repartição.

Você aprende que em Brasília
As ruas praticamente não têm nomes
E as esquinas são obras do imaginário.

Após um certo tempo você acredita decerto
Que o Gama é logo ali
E que o Novo Gama já é Goiás.

E você percebe que nessa Brasília código
Poucas letras e alguns números te levam a qualquer lugar
Do mundo.

E às vezes você se indigna
Porque o metrô não funciona em sábados, domingos e feriados.

E você institui em ato ordinário
Que o magnetismo da cidade
Concentra seu pólo positivo no verde das árvores
E seu polo negativo na região do Conic
Ato homologado nos seus diários oficiais.

Você começa então, após um determinado tempo,
A dar valor de cifras generosas
À propriedade do lar doce lar
Casa própria com escritura lavrada.

E, na capital dos poderes três,
Terciários sem carteira,
Ternos e gravatas,
Igrejas,
Faculdades
E salões de beleza
Você vê nas sátiras imaginárias
De cada esquina.

A cidade jaz vivendo solitária
Nos eus fantasmas de cada cargo comissionado.

A cidade única vivendo dura
Nos monumentos de concreto branco.

(Lembre-se sempre que não importa o quanto a coisa cresça, ela nunca será plenamente satisfatória.)

Então não se espanta você
Ao ver que o Eixo Monumental
Com suas seis pistas em cada mão
Não pode evitar os engarrafamentos
Dos arredores da rodoviária.

O Lago Paranoá,
Sagrado nos dias de Julho.


E então, depois de mais um tempo,
Certo ou incerto,
Você descobre que há tradição
Na Esplanada dos Ministérios
Na Pizza Dom Bosco,
Nos pontos de ônibus
E até mesmo nas cadeiras e copos do Beirute.

E em Brasília você pode também,
Quase como milagrosamente,
Achar alegria.
Como no foguete parquinho do Parque da Cidade
Ou como nos bancos daquele fusca
Que passeia humilde pela L2 Norte
Sentido
Futuro.

domingo, 24 de setembro de 2006

carta para u mininu novamente

Durmo. Minha cama, meu consolo irrefutável.
Choro. Minhas lágrimas, minhas muletas defeituosas.
Rio. Meus sorrisos, minhas máscaras belas.

A verdade corre no fundo do oceano. Lá onde a pressão nos mata. Lá onde ninguém consegue nadar. Lá onde os submarinos mentem. A verdade corre no fundo do oceano. A verdade nunca estática. A verdade única que sempre muda (de lugar).

Acho que é hora de dormir. Amanhã meus olhos abrem às 6. Amanhã meu corpo salta indignado da cama que acolhe. A cama que nos dá o sono que nos dá os sonhos que são nossas únicas verdades absolutas. Incrivelmente únicas e absolutas. Nossas.

A minha verdade é meu inconsciente à tona.

Amigo meu. Às vezes as palavras complicam demais.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

aprendendo a amar clarice

"E agora era muito tarde.

Quando inventara ouvir a notícia, a moça retrocedera até estar vestida com saias longas e alisar bandós na testa.

Mas agora no sonho pôde recuar até encontrar enfim: que era grega.

"Como a da revista", e ruborizou-se agitada. Sonhar ser grega era a única maneira de não se escandalizar, e de explicar seu segredo em forma de segredo; conhecer-se de outro modo seria o medo.

Ela era antes dos gregos pensarem ainda, tão perigoso seria pensar.

Grega numa cidade ainda não erguida, procurando designar cada coisa para que depois, através dos séculos, elas tivessem o sentido de seus nomes.

E sua vida erguia, com outras vidas pacientes, o que se perderia mais tarde na própria forma das coisas. Apontava com o dedo, a grega sem rosto. E seu destino como grega então era tão inconsciente quanto agora em S. Geraldo. O que restara de tão longe? o que restara da Grécia? a insistência: pois que ela ainda apontava."


LISPECTOR, Clarice. A Cidade Sitiada.

domingo, 17 de setembro de 2006

peixe grande

tá. a vida é um monte de histórias.

eu acho q sou a senhora sentada na casa velha contando os gatos e lamentando os momentos q não foram vividos.

eu acho q sou a menina correndo descalça pelas ruas gritando pelos amigos que estou livre louca pra fazer o gol.

eu acho q sou a mulher abraçada chorando as lágrimas da despedida olhando tristonha as fotos rasgadas ao meio.

eu acho q sou ....

(a árvore, o rádio, o vinho, o osso, a carta, o ônibus, a parede, o monstro, o cartão de aniversário).

sempre uma história para continuar. o meu fim eu não conto. não posso contar nunca.

triste como alguém q v o filho morrer.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

eu odeio ano eleitoral. como se não bastasse a desesperança completa perante os candidatos à disposição, ainda tenho q aturar horário político e planfletagem nas ruas. é só chegar na unb pela manhã q lá estão eles, dezenas deles, com seus panfletos eleitoreiros querendo me empurrar nomes e números.

já é comumente sabido: a democracia é um projeto falido. esse negócio de tratar os iguais de maneira igualitária e os diferentes de maneira diferenciada é uma destituição de realidade. ideologia mais falida do que o socialismo. sempre haverão ricos e pobres, e sempre haverá manipulação de informação, e sempre haverá injustiças. rico não vai pra cadeia, pobre passa fome. tem mutreta no congresso, tem crime na periferia.

como eu odeio brasília.

enquanto isso, continuamos com nossos confortos reais, nós, os privilegiados, a mínima porção desse país predominantemente pobre. continuamos indo ao cinemark e comendo no mcdonald's (pq sim, eu adoro, q posso fazer?). o mais triste é notar q não posso fazer nada: o brasil continua um dos países mais corruptos do mundo. e eu nunca vou ser deputada federal, pq eu não votaria nem em mim mesma. o poder corrompe fácil.

é como eu digo: é a vida, fazer o q? ontem eu dei 30 centavos pra uma mulher com um bebê na rodoviária. vou fazer o q? é o máximo q posso, e não é nada.

sábado, 9 de setembro de 2006

cancionista por vocação

têm vezes que eu me pego cantarolando inúmeras melodias sem conexão.
e no meio de tantos intervalos tonais, acabo entoando mais uma nova canção.

tenho tido tempo para cantar. isso é o q me é mais sagrado.

sabendo sempre q devemos concentrar as ditas "energias" nas direções q nos soam mais aprazíveis.

nova canção

RENASCER

Eu não tenho certeza do que há de vir.
Se é que há de vir.
E o que há de vir?
Se é que há de vir.

E não vou mais ficar chorando meus quebrantos solitários.
Eu quero é mais fazer meu pranto e meu canto solidários.

Eu chorei porque quis, era tudo pra mim.
Minha dor protegida em baú de marfim.
Eu chorei porque quis, era tudo pra mim.
Minha dor embrulhada em sublime cetim.
Eu chorei pra viver, não queria nascer.
Mas nasci.
Renasci.
Renasci.
Outra vez.
Renasci.

Não adianta nada tricotar os planos só em pensamento sem fazer valer.
Não adianta nada despedir os danos e continuar matando o que quer viver.

E o que quer viver está dentro de mim.
O que quer viver, tão dentro de mim.

E não vou mais ficar chorando meus amores impossíveis.
Eu quero é mais colher as flores que estiverem acessíveis.


****************************

O lance é que o cancionista, assim como o poeta, é um grande fingidor.
E eu ainda choro quebrantos, amores, e coisas mais.

ahn. um baseado ou um copo de cerveja. tanto faz.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

tarde de agosto

Carrego em mim dores que não se soletram.
Dores duras sem parecência.
Cada momento é uma quebra.

Carrego em meu dorso mágoas que se distanciam do suportável
E choro junto ao pôr-do-sol musical.
Os carros zumbindo
acompanhando a melodia surda de tudo.
Meus fones de ouvido ilustrando o caminho
das formigas aqui embaixo.
A sinfonia lacrimejante.

Mais uma quebra.
Espero a próxima faixa do CD em escocês.

A gaita de fole e as saias xadrez.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

em homenagem ao finado amigo do camelo e ao camelo em si (e em homenagem aos olhos no espelho)

"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?

(...)

A mulher então experimentou o camelo. O camelo em trapos, corcunda, mastigando a si próprio, entregue ao processo de conhecer a comida. Ela se sentiu fraca e cansada, há dois dias mal comia. Os grandes cílios empoeirados do camelo sobre os olhos que se tinham dedicado à paciência de um artesanato interno. A paciência, a paciência, só isso ela encontrava na primavera ao vento. Lágrimas encheram os olhos da mulher, lágrimas que não correram, presas dentro da paciência de sua carne herdada. Somente o cheiro de poeira do camelo vinha de encontro ao que ela viera: ao ódio seco, não a lágrimas."

LISPECTOR, Clarice. O Búfalo. In.: Laços de Família

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

viveeeeeer.

nova música quase pronta

uma gota de otimismo
pode alimentar enorme rio
de fora um sol que brilha
deu a luz a uma de suas filhas
a árvore que dança
traz nas folhas verde esperança
há um céu azul piscina
que mistura dor e alegria
mais uma sinfonia em um raiar de dia

viver pra que?
amigo eu vou dizer: eu vivo é pra viver

o joão-de-barro canta
e a joaninha segue a dança
o meu neto já faz birra
o meu filho ainda não nasceu
a menina de vestido
tinha os olhos verdes muito lindos
ah menina de vestido
que vermelha me olhou sorrindo
mais uma chuva vindo
mais um fruto caindo

q coisa.

sábado, 29 de julho de 2006

j.

enquanto fumava pensava todo o templo nela e em seu olhar pretensamente indiferente, a parcialidade que preenchia a sala dolorosa. o conhecimento triste do inevitável.
inevitável. inconsciente: a certeza da relação de brinquedo, a mentira que era verdade por não ser segredo.
enquanto fumava pensava apenas nela, mas não em todo o significado incerto que ela exalava em direção a seu subconsciente, e enquanto fumava se perdia nela.
e às vezes sabia que a presença, mesmo bruxuleante e vaga, aquela presença dela seria sempre um perder-se nela por perder-se em si mesma.
a vendida e necessária relação de brinquedo.
e quando fumava lembrava-se tristemente dela.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

análises de devaneios

é. e percebo q, numa análise, às vezes não é necessário um ano pra se entender um querer.

às vezes uma sessão de 25 minutos é suficiente.

e percebo q, numa análise, vc tem q estar preparado pra sofrer mto pra poder passar por cima de um outro sofrimento.

e percebo q, minha analista é a pessoa mais humana do mundo. embora ela nunca se mostre assim.

e percebo q eu quero ser como ela.

e percebo q sou única. como ela.

e não como ela.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

violetas e orquídeas

eu não sei porquê, mas também não consigo parar com a mania de fazer músicas.

eu quero. e não sei porquê.

música:
VIOLETA

Amadureça e não se esqueça:
Deixe a cabeça centrada em si mesmo.
Suas espinhas, seus deveres, seus cinemas.
Suas contas, seus problemas, seus poemas.
Sua boca prestes a dizer:

Desapareça! Sai de mim, coisa ruim!
A violeta está pedindo água, alimento e atenção pra florescer.
Olha dentro, bem pra dentro de você.
O que vê além de você?
E o que vê aquém de você?
E o que vê aí em você?
O que vê? O que vê?

Bem sabe que o mundo não pára não pra te esperar.
(Ela te disse há um ano atrás)

O vaso de plástico da violeta.
As folhas verdes da violeta.
A terra que acolhe a violeta.
O sangue verde da violeta.
Os braços abertos da violeta.
Os olhos verdes da violeta sem flores ainda.
A violeta sem flores ainda.

Ao invés da malícia, que venha a justiça.
Pra si. Pra ele. Pra ela.

sábado, 15 de julho de 2006

narciso se ama e se quer

tem jeito não. tem umas manias que a gente não larga nunca, e não porque não consegue, mas simplesmente porque não quer.

porque depois de mais de um ano de análise, seria uma hipocrisia muito grande eu afirmar que a gente faz o que não quer. no fundo no fundo a gente faz o que faz porque quer e pronto.

sim. você chora porque você quer. você não deseja chorar, mas você quer.
e você trabalha porque você quer. pode até não desejar trabalhar, mas quer.

às vezes a gente faz algumas coisas porque somos forçados a fazer. mas, mesmo forçados, a gente faz porque quer.

isso tudo pra dizer que eu não vou por enquanto largar a mania de jogar palavras solitárias nesse imenso deserto de dígitos. porque eu ainda quero me mostrar de alguma forma, nem que seja só pra mim mesma.

e porque quero???

bem, aí acho que lá vem mais um ano de análise....

segunda-feira, 12 de junho de 2006

whatha fuck?

quem? eu? me preocupar?

"Tão doce era o semblante! Sobre os lábios
Flutuava-lhe um riso esperançoso
E o morto parecia adormecido."

Um Cadáver de Poeta, Álvares de Azevedo

quinta-feira, 25 de maio de 2006

porque sempre irá doer

ESPERANÇAS



Oh! si elle m’eût aimé...

Ah! Se ela me tivesse amado..
.

ALFRED DE VIGNY, Chatterton


Se a ilusão de minh’alma foi mentida
E, leviana, da árvore da vida,
As flores desbotei...
Se por sonhos do amor de uma donzela
Imolei meu porvir e o ser por ela
Em prantos esgotei...

Se a alma consumi na dor que mata
E banhei de uma lágrima insensata
A última esperança,
Oh! não me odeies, não! eu te amo ainda,
Como dos mares pela noite infinda
A estrela da bonança!

Como nas folhas do Missal do templo
Os mistérios de Deus em ti contemplo
E na tu’alma os sinto!
Às vezes, delirante, se eu maldigo
As esperanças que sonhei contigo,
Perdoa-me, que minto!

Oh! não me odeies, não! eu te amo ainda,
Como do peito a aspiração infinda
Que me influi o viver...
E como a nuvem de azulado incenso...
Como eu amo esse afeto único, imenso
Que me fará morrer!

Rompeste a alva túnica luzente
Que eu doirava por ti de amor demente
E aromei de abusões...
Deste-me em troco lágrimas aspérrimas...
Ah! que morreram a sangrar misérrimas
As minhas ilusões!

Nos encantos das fadas da ventura
Podes dormir ao sol da formosura
Sempre bela e feliz!
Irmã dos anjos, sonharei contigo:
A alma a quem negaste o último abrigo
Chora... não te maldiz!

Chora e sonha e espera: a negra sina
Talvez no céu se apague em purpurina
Alvorada de amor...
E eu acorde no céu num teu abraço
E repouse tremendo em teu regaço
Teu pobre sonhador!

ÁLVARES DE AZEVEDO, Manuel Antônio. Lira dos 20 anos.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

minha amiga me esqueça para sempre me lembre

EGOLATRIA

Eu só Eu.
Diante do espelho.

Narciso que me desculpe.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

subjetividade dolorosa

fugir pra onde se qualquer lugar é onde estou?

quarta-feira, 17 de maio de 2006

carta ao mininin

(...)Já sei. Tá tudo entendido. Tenho que parar de ser mimada.

O sexo é selvagem, amigo. É todo ele natural.
Humano transcende tudo. Humano tem mania de transcender, de querer transcender tudo.
Gosto da cor da Aurora.

********


Sou comandante tentando manter o leme firme
Na tempestade fria escura
De um dia cheio de mortes
As palavras enterradas dolorosas dentro do fundo
afogadas no interior do mar
(A criança mimada. A música pop. Os sutiãs deslocados.
O pão com queijo. O futebol. A barba ruiva.)
Todas mortas
Cumpridoras de destinos que transcendem o raciocínio
Sepultadas todas num mar de frases sedentas
Onde olhos mar
Onde olhos marejados sal
Boiam em seus sentimentos duvidos
Pedindo água doce Pedindo hidratação
No dia escuro
O tabuleiro e as jogadas imprevisíveis
A causa e a conseqüência dentro da orquestra divina
Os plangentes instrumentos muitos nas mãos inocentes dos homens

Naufraga uma fantasia

sábado, 6 de maio de 2006

sem título

Imagino apenas.
E imaginar só não quero mais.

Pois de nada me adianta
Imaginar apenas.

Fico com meus dedos que tocam os teus dedos
Apenas em papel.
Fico com meus lábios que te jogam palavras sujas
Inventadas em papel.
Fico com meus olhos que perscrutam tua alma
Tua alma de papel.

Deste papel em alma dobro um avião pra voar bem longe.
Longe de mim.

Pois de mais nada me adianta
Imaginar apenas.
Pois imaginar só já me bastou.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

amém

A Lua, bela como sempre
Que paira na noite, sorridente.

Jesus morreu no amanhã.
Viveu como eu sorrateiramente.

A Lua toda assim imponente
Que dá a luz para a noite fria.

Maria, mãe que nos deu presente
Nos pés da cruz dor derramaria.

13-04-06
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eu consigo encontrar outras temáticas para além do amor. mas não é tudo obra do amor?

amai-vos uns aos outros e blá mais blá.

quinta-feira, 27 de abril de 2006

elas & eles

Estavam as duas no café, bebendo um vinho e conversando ao sabor dos corações.
Paloma e Paola:
- O que é pior: apaixonar-se por uma amiga hetero ou apaixonar-se por um amigo gay?
- Essa é fácil. Pior mesmo é apaixonar-se por um amigo gay. Pois uma amiga hetero pode sempre mudar de time. Mas meus amigos gays não mudam nunca.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

with a little help from my friends

O CANTOR: todo mundo: iÊÊ-Ê
A PLATÉIA: (iêê-ê)
O CANTOR: i-Ê i-Ê i-Ê
A PLATÉIA: (i-ê i-ê i-ê)
O CANTOR: i-Ê!
A PLATÉIA: (i-ê!)

e por assim vai, aquela repetição feliz

O CANTOR: ... todo mundo cantando: (...)

"(...)
What do you see when you turn out the light,
I can’t tell you, but I know it’s mine.
Oh I get by with a little help from my friends,
Do you need anybody,
I just need someone to love,
Could it be anybody,
I want somebody to love.
I get by with a little help from my friends,
Yes I get by with a little help from my friends,
With a little help from my friends."

e só o cantor sabe inglês. mas todo mundo... todo mundo canta com ele.

(P.S.:)

meu bem, eu sou devagar. desculpa.
tudo bem, meu bem?
hoje eu vou ter cerveja pro jantar
e cinzas na janela.
vou tomar banho fervente pois o clima está frio.
vou rever meus exercícios de alemão e conferir o resultado da lotomania pela internet.
e amanhã eu vou tomar café mais tarde, pois é feriado.

e assim a vida vai, querida. às vezes como uma lenda, às vezes como uma tese de doutorado. às vezes como um filme pornô, até.
tudo no seu tempo. tudo com sua dose de sério e sua medida de engraçado.

e a cada single dia a gente começa algo. você sabe, não é, linda? não é linda a vida?
um dia começamos um câncer. noutro começamos um livro.
noutro um tombo que ainda iremos tomar anos mais tarde.
e há aqueles que começam sinfonias. e aqueles que começam viagens espaciais.
aqueles que começam guerras.
e aqueles que começam paz.

nisso, nós todos começamos algo, você sabe.
nisto, nós todos aprendemos e nos ensinamos mutuamente, às vezes quase sem perceber.

porque eu não esqueço, dona moça.
o mundo não pára pra esperar ninguém.

no entanto aprendi que todo mundo se leva junto.
sem querer, até.
até sem querer.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

chora q a fonte nunca seca

"Agora chora!" pensou ela.
Quase sem querer.
Naquele instante uma mão sem rumo
Desajeitada derrubaria o copo por sobre a mesa.
Água abaixo.
"Chorou" pensou ela.

E foram em todos os sentidos
lágrimas.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

venha me buscar na hora certa

foi só no exato momento em que a vida deixava o seu corpo.
naquele exato momento foi quando ela soube que não vivera em vão,
mesmo não tendo realizado nenhum de seus sonhos.
mesmo não tendo amado nenhum de seus amores.
mesmo tendo ficado no meio do caminho.

a morte era frustrante.
teria ela o alívio da aniquilação?

no exato momento em que seu coração parava de lhe bastar em batidas.
ela sabia que era só praquele momento que vivera toda sua vida.
e nada mais importava.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

DELÍCIA

hum... nossa, muito bom!
delíííííciaaaa....

manjare! manjare!

gostoso muito!



mas demais enjoa.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

com o rosto na bosta

todo mundo sabe que tudo passa.

então q eu curta meu luto durante o tempo q ele durar (e já foi mais de um ano...).

adoro uma fossa, me deixem então com meu prato de bosta.


DON'T LEAVE THE LIGHT ON BABY - Belle & Sebastian

"It’s been a bloody stupid day
My baby called me up to say
Don’t call me love, don’t call me
It’s not all she said

I truly love her but I know
I’m bad for her, I’m bad and so
At least she may forgive me for my honesty

My friend came back from being abroad
He was rich and I was overawed
His ship came in
I’m standing on the harbour wall

Another friend, the one I love
Turns to me have you seen enough?
Let’s hang about
There’s nothing like a sunset

It’s been a bloody stupid day
Don’t leave the light on baby
My baby called me up to say
Don’t leave the light on baby
I’ll see you sometime maybe
Don’t leave the light on baby
It finally dawned on me tonight
Best to go down without a fight
I know you will forgive me for my honesty"

aaai
como dói

quarta-feira, 29 de março de 2006

Vinicius de Morais

AUSÊNCIA
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

a desolação

faz bem.

faz bem escrever mandando todas as convenções pro espaço.

enquanto na vitrola rolava um vinil do belle&sebastian ela se perguntava quando é que iria comer novamente naquele restaurante japonês e em que século eles estavam. ela sabia que pela manhã teria uma pilha de folhas para rasgar e milhares de telefonemas para não dar, mas nem se preocupava em dormir tarde. às vezes não fazia diferença se era uma ou dez horas. um sonho durava sempre mais do que ela supunha durar. e ela fumava um cigarro apagado e sorria da sua desgraça como quem sorri diante de um futuro que era totalmente imprevisível.
ensurdecedor, era pensar.

segunda-feira, 27 de março de 2006

quando não há mais chão

alguém me mandou um mail....

"quando o chão some de debaixo.. o que a gente faz?"


como? não sei.

no momento estou caindo.

há um ano e meio estou caindo.

só esperando q apareça outro chão logo, pra eu me esborrachar de vez e ficar livre disso tudo.

domingo, 26 de março de 2006

"then she came...."

me encontro atualmente no buraco onde enraizo minhas origens: carmo do paranaíba.

um dia desses, após voltar de uma festa no pedra, um vizinho amigo meu, encontrei mamãe sentada na frente do computador, às duas e meia da matina, conversando com não sei quem de não sei aonde no msn mEssenger, com uma janela de bate-papo do uol como pano de fundo na tela.

pensei: não acredito.

o fascínio. lembrei-me do fascínio como quando com meus 11, 12 anos de idade pela primeira vez me sentava na frente do computador e acessava lugares estrangeiros e conversava com pessoas estranhas no conforto de minha solidão em frente a máquina.

esse fascínio q contagia. q faz a gente se render. q nos ilude na ingenuidade e nos rouba das certezas.

e pensei nas gerações virtuais q, já crescendo em meio à incerteza, não se espantam e não se fascinam com a artificialidade e facilidade de tudo isso.

cara. internet é uma coisa.

uma coisa.
uma coisa, assim, uma coisa mesmo, objetal, mas ao mesmo tempo humana e impalpável.

é muito esquisito. a gente tá cada vez mais híbrido.

se oc num tah entendeno naum posso fazer nada.


(vou dormir com deus hoje. tenho certeza.)

sábado, 25 de março de 2006

desgraça pseudo-divina

...

o momento é de pura falsa nostalgia
tipo memórias de fatos apenas i memoriais
a constatação das ruínas do monumento de isopor

dura
ilude
a desilusão

quarta-feira, 22 de março de 2006

inverossímel porém verdadeiro

eu: quase como eugênia grandet.

paixão doentia. pra sempre na pauta do dia.

mais um dia, mas um dia...


"Muito freqüentemente, certas ações da vida humana, literariamente falando, parecem inverossíveis embora verdadeiras. Será isso porque nos esquecemos quase sempre de derramar sobre nossas decisões espontâneas uma espécie de luz psicológica, deixando de as explicar pelas razões misteriosamente conhecidas que as determinam? A profunda paixão de Eugênia deveria, talvez, ser examinada em suas fibrilhas. Porque, como se poderia dizer por gracejo, ela se tornou uma doença e influenciou toda sua vida"


BALZAC, Honoré de. Eugênia Grandet.

quinta-feira, 16 de março de 2006

face a face

sua face é sua
minha face é minha

mas quando estou com minha face em face à sua
já não sei mais quem é quem

e já não sei dizer as coisas
sem ter medo de me perder

quem onde quando como
eu você

quarta-feira, 15 de março de 2006

COLEÇÃO DE PALAVRAS ALEATÓRIAS MAS NEM TANTO

movidas horas pelo barulho inconsciente
gavetas minhas à tarde
nada de coisas fantásticas
real no molho sal sem cortinas
como porém eram toques piano
não obstante a menina cabeça dentro
dança sem virar os olhos para esquerda
roxo coração ela diria masturbação mental
graça em esquinas com divindades bestas
mal-estares bélicos anualmente sim
ria que pela bahia sushis ventam



alguém se habilita???

sexta-feira, 10 de março de 2006

ATRIZES TRISTES

Dia-a-dia na guerrilha em busca da felicidade
Aquela dita alegria se esvai na efemeridade
Mais um dia banhado em angústia e tristeza
Mas o amanhã nos revela lampejos de esperança

É, momentos ruins dilaceram sim todo e qualquer coração
Mas as horas felizes também são atrizes das nossas vidas em encenação

Dia-a-dia nas trincheiras, a alma reflete agonia
Deprimentes depressões depredando depressa a alegria
Mais um dia lotado de vários questionamentos
Mas o depois embriaga as almas com esperança

Vale lembrar que também existem atrizes tristes



em algum lugar de 2000

terça-feira, 7 de março de 2006

insistindo em surtos neuróticos obsessivos

eu tenho um grande defeito. o nome dele é teimosia.

a teimosia me acompanha. mas, ah, que nada, eu nem sou tão teimosa assim não, porra!




enquanto isso, outra ela me acompanha...
a ela da ilusão. da fantasia. do desejo incontrolado.

ah, insisto em não deixá-la. mas ela já me deixou há muito, muito tempo...

sexta-feira, 3 de março de 2006

trote à

"A PARTIDA

Dei ordem de irem buscar meu cavalo ao estábulo. O criado não me compreendeu. Fui eu mesmo ao estábulo, ensilhei o cavalo e montei. Ao longe ouvi o som de uma trombeta, perguntei o que significava aquilo. Ele de nada sabia, não ouvira nada. No portão deteve-me, para perguntar-me: - Para onde cavalga o senhor?
- Não sei - respondi -. Apenas quero ir-me daqui, somente ir-me daqui. Partir sempre, sair daqui, apenas assim posso alcançar minha meta.
- Conheces, então, tua meta? - perguntou ele.
- Sim - respondi eu -. Já disse. Sair daqui: esta é minha meta."
KAFKA, Fraz. A muralha da china.

quinta-feira, 2 de março de 2006

DARWIN

o amor às vezes se confunde com seleção natural.
o que é uma pena.



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eu e minhas estúpidas direções

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

carta à foschetti

então. as pessoas mudam. e, quando mudam, nem sempre se aturam. mas é bobagem dizer que amizades verdadeiras resitem a qualquer bizarrice. amizades verdadeiras podem acabar por detalhes bestas, e mesmo assim não deixar de serem amidades verdadeiras.
as lembranças ficam lá. com sua ternura.
e, quando resta só amargura, deve ser porque a amizade verdadeira passou por um mal momento que não acabou.
mas, enfim, acho quase impossível restar apenas amargura.

amizades falsas? acho que não existem. mas também não tenho certeza de nada.

se é falso não é amizade. não é?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

idade média

havia uma época, lá pelos anos mil e poucos, quando o que se sobrepunha na arte da palavra eram pequenas canções entoadas pelos arautos das cortes, pelos artistas viajantes. essas canções eram escritas basicamente para entreter os senhores e possuíam rimas simples e ritmos bem marcados. as canções de amor, entoadas pelos fidalgos bem-aventurados em homenagem a suas amantes dedicadas, possuíam uma, digamos, consistência sentimental muito grossa, abusiva.

eu gosto disso. desse sentimentalismo barato e exagerado.

"Quando percebo minha amante, um súbito tremor me assalta: meu olhar se turva, minha face se descolore, tremo como uma folha que o vento agita. Tenho a razão de uma criança, tanto o amor me inquieta. Ah! Aquele que tão ternamente se submete merece que que sua dama tenha com ele generosidade..."
Bernard de Ventadour
vai sonhando, meu caro...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

agora sim

a b r i r ã o - s e um dia as núvens do céu em fogo e todas as histórias da humanidade serão testadas e testemunhadas.

em palavra.

esse mundo já diz tudo e também já prenuncia o nada.




reencontrar pessoas e reencontrar escolhas
e reencontrar nas mesmas
as alegrias e as tristezas

sábado, 18 de fevereiro de 2006

sugando-se ao do país dos dândis

é terrível.

eu me apaixono de 5 em 5 minutos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

ao sabor do tempo

a cidade em que morei 4, 5 anos
a cidade em que não colocava os pés há 6 meses

a mesma cidade, com os mesmos cheiros,
as mesmas ruas que sobem e descem,
as mesmas esquinas, as várias lembranças

e, no meio de tanta mesmice e tanta familiaridade
as fisionomias que se destacam em suas pequenas peculiaridades.
como está tudo mudado!
os rostos com suas linhas mais profundas
mudando tudo ao derredor.

as mesmas edificações que envelhecem.

sábado, 11 de fevereiro de 2006

quem você é

sim, a mentira voa quando você dá asas
a fantasia ecoa na armadilha da estrada

música! música! música!
BIS! agora na íntegra!

em algum lugar de 2005....

onde está meu verdadeiro eu?

não, não sei dizer.
tanta mudança que já me aconteceu e que vai me acontecer...

aconselho então parar de se culpar por pouco.
aconselho também parar de se desculpar por muito.
pó pará.

quero poder me recostar em ti e devagar me descobrir.
deixar eles pra lá, contigo devagar e ser aquilo que o momento permitir.

quando é que eu vou me reconhecer?
eu não sei dizer.
tanta pessoa já passou por minha vida, indo-se sem eu perceber...

aconselho então agarrar a chance que convém.
um mínimo detalhe pode determinar um máximo resultado.
vá buscar.

não era hora, alguém me segurou.
será que foi você quem me salvou?
será que outra vez me salvarei às custas de algum incerto rei?

quem? saberei... viverei... morrerei...



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

é pra isso que venho aqui

o tédio que me devora.
ele é o mesmo tédio que faz da minha vida um pseudo-mar-de-rosas.
a letargia que consome minha energia: ela me deixa deitar na cama sem querer saber dos trabalhos pendentes.

o sol nasce. o sol morre.
abro os olhos. fecho os olhos.
estou aqui. estou aqui.

quando durmo, me reencontro. e nos sonhos, lá há tudo. há olhos, há música, há passos, há sóis, há genitais, há cartas, há leite... (ah... leite...) tudo condensado.

quando acordo, me perco. e na realidade, lá há nada. há vazio, há medo, há desejo e mais desejo. tudo limitado.

quando sento aqui e escrevo assim, sem mais nem menos, copiando apenas o que está na mente; quando sento aqui e escrevo eu me esqueço que me desprezo. e durmo acordada.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

para ler os clássicos

"Para seres amado, sê amável, eis que não te será suficiente a beleza do rosto ou do corpo. Ainda que fosses Niseu, amado pelo velho Homero, ou o belo Hilas, raptado criminosamente pelas náiades, se queres conservar tua amante e jamais seres abandonado, junta os dotes espirituais aos corporais. A beleza é um dom frágil, tudo que se acrescenta ao tempo a diminui e ela se gasta com sua própria duração; nem as violetas nem os lírios desabrochados florescem sempre e, caída a rosa, só resta o espinho. Também tu terás em breve cabelos brancos, terás em breve rugas que ressecarção tua pele. Trata de fortalecer agora mesmo o teu espírito, que há de durar e será o sustentáculo de tua beleza: ele apenas permanecerá até o fim, até a pira funerária."


OVÍDIO, A Arte de Amar

terça-feira, 31 de janeiro de 2006

exercício para uma pequena amiga quase boliviana

A noite veio rapidamente e com ela a irrevogável natureza do tempo: ele que não volta e que sempre sempre nos pega de jeito. Junto dos minutos dessas 10 horas da noite sei que não há mais chance de pegar o ônibus para te ver linda em teu vestido de formatura, minha amiga crua, engenheira já.
Com seu canudo na mão.

Lembro então do teu sorriso honesto e do teu mais-belo olhar oblíquo.
E solto eu um sorriso gostoso.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

amor de algodão

desperdiço os meus dias contigo em minhas melodias
na angustiante tristeza de saber que eu não estou aí
mas que você continua aqui, independente do seu querer ou da sua ciência

desperdiço os meus anos com você dentro em mim
na rude certeza de que meu amor é injusto
mas é soberano, e mata e prende por interesses que não meus.

desperdiço assim como desperdicei

e já não sei mais como desperdiçarei

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

,,,

'Meu amor partiu
cansou dos meus vícios
mesmo que amanhã ele volte com outro feitiço'


de quem é essa música eu não sei. mas a voz da dona cássia me enfia dentro dos tímpanos de maneira única, vistosa, forte.

dá gosto até.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

é hora de dar tchau....

E aos poucos tudo vai se tornando turvo, envelhecendo e perdendo a original razão de ser. Aquela mesma água que eu bebia com gosto, ela que acariciava minha boca com gosto. Aquela mesma água que já não é mais a mesma. Agora, imbebível, apenas chama o meu olhar. Se a bebo, tenho náuseas, tonturas até. A mesma água transparente agora turva. A minha visão, turva. Eu mesma, aquela mesma criança pura e esperançosa. Eu mesma, essa pseudo-mulher suja e desacreditada.
Não há nada que o tempo não destrua.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

eterna saudade

"a morte é apenas uma imensa saudade...."


o sérgio me disse. um homem q estou aprendendo a gostar de montão.

....


e eu concordei plenamente.

pq é isso: uma eterna saudade.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

soltando as linhas 3

olhe por entre elas e você verá meu útero gritando em vermelho: insôniaaaaa!!!!....

não dorme. aberto à tudo. o sangue correndo. a dor apertando. os músculos enrijecendo-se. a vida que se faz sentida.

abrindo as pernas.

desavergonhadamente.

olhe por entre elas e as letras se misturarão em sentidos mil.

por entre pernas e linhas, o meu rosto, mais sublime e mais vil.



eu não queria ter que aparar a barba.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

soltando linhas

meu vocabulário se abre assim como alguém abre as pernas

desavergonhadamente

sou como um pássaro que cruza o céu e deixa invisível o seu rastro, para quem quiser perceber.

minhas palavras engedram minha ânsia em viver sem limites.

busco estar antes de ser, e me espanto com isso: o estado q permanece não é aquele do mesmo ser q é.
estou andando em espiral. pra fora, sem parar. chego a lugar nenhum e percebo q o próximo lugar nenhum é a porta para outro lugar.

meus pequenos casos são como jantar fora sem ter dinheiro, incoerentes mas prazerosos, cheios de nada.

estou só mais uma vez.

e mais outra.

e outra.


e outra.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

doença do espírito em mim

mto bem. eu escrevo, a bíblia responde.

eu disse: minha igreja é meu corpo. minha crença é meu viver.

o livro diz:
"Por mais que tenha aparência de sabedoria: 'religião pessoal, devoção, ascese', são destituídos de qualquer valor e só servem pra satisfazer a carne."

COLOSSENSES, 2, 23


procuro algo q preencha o vazio de uma vida inteira.
procuro algo q me faça superar as derrotas, principalmente aquela do ano atrasado.

e não tenho ninguém. só eu ao meu lado. solidão imensa.
se for pra deus existir, que seja pra me fazer companhia.
pq da companhia dos homens eu já estou saturada...


domingo, 1 de janeiro de 2006

a solidão bem-vinda

...


(acordando............... nossa, onde estou? q roupas são essas? quem sou eu mesmo?)

incrível. se fosse possível eu deletaria esse ano inteiro.

mas não, deixa pra lá. se eu deletasse eu teria q começar tudo de novo de novo.

está chegando o ano do cão.

nada de planos, preciso controlar meus desejos.

um desejo nunca muda, e ele é desconhecido... q será isso q me impulsiona aqui dentro?


("jesus é a luz q me conduz...")



SÓ PRA CONSTAR: EU NÃO TENHO RELIGIÃO.
NÃO POSSO IR ALÉM DE MIM MESMA.
MINHA IGREJA É MEU CORPO.
MINHA CRENÇA, O MEU VIVER.