domingo, 26 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

no conic

"(...)Cá estou eu nos porões das baladas candangas. A banda era brasiliense e tinha um gaúcho flautista de convidado. Que honra eu, entre mineiros e goianos e baianos nessa Brasília mixta com vitamina de abacate e cupcake cor-de-rosa.
(...)
Vodka, eu acho.
a vodka, eu acho.
deve ser.
by Rodrigo

in.: os cadernos p/ mim mesma
maio/10

terça-feira, 21 de junho de 2011

o tom meu

"(...)Eu temo a morte, mas não é a vida o desafio maior? A todo momento aprendo a conviver comigo mesma, convoco-me a desafiar minhas limitações. Sofro, mas também me regozijo, pois viver é uma aventura digna de ser atravessada. Cada um descobre o seu próprio tom, atravessado pela sutileza de um destino inapreensível, porém sentido no seu mistério imenso: vida que te quero vida, por favor, não me maltrate muito, mas, se for pra ser assim, faça com que eu tenha condições de fazer meus próprios curativos."

AMARANTE : "e haja bund-aid!"

in.: os cadernos de viagens
buenos aires, 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

mar metálico

A vida. Gaivotas e lobos marinhos. O porto infectado de resquícios plásticos. Navios enferrujados encalhados no mar. E os turistas com suas fotografias digitais.
A humanidade ao redor da costa denunciando a sua flora metálica. Mar del Plata ergue-se diante de meus olhos, arranhando o céu cinzento.
Enquanto isso, os lobos marinhos esticam-se no seu leito de areia suja. Nós observamos, turistas que somos, e a tarde escoa rápida por entre meus pensamentos.

in.: os cadernos de viagens
mar del plata, 2011

sábado, 11 de junho de 2011

CONFESSIONÁRIO DO ASSASSINO DE PROSTITUTAS SEM NOME

Meu coração se infla: rancor e ódio. Espécie de sentimento sem volta. Uma vez que se vive essa sensação, impossível apagar. Há uma imagem, uma mulher fantasmagórica cruel e imatura. Uma puta na cama, do jeito que querem os maus. E há rancor e ódio. Vontade de morte e orações de vingança. Veja: há os santos maus e na madrugada me cutucam com a insônia para que meus sentimentos torpes ecoem nos sonhos de todos. E então meu dedo puxa gatilhos repetitivamente, eu esmurro rostos, chuto pernas e cabeças que se misturam com a imagem dela, prostituta sem nome que eu levei pra minha cama várias vezes, vil e ordinário que sou, são justamente essas que procuro e essas que quero matar. E na minha oração inspirada pelos santos maus peço pestes e maldigo a existência, e da minha boca saem as verdades que machucam meu coração que se infla ainda mais de amor e ódio. E eu peço que todas as putas do mundo morram para que eu, ser ínfimo e desprezível, não corra o risco de cruzar com mais uma delas, comê-la repetidas vezes e matá-la cruelmente logo em seguida.


(...)


In.: Conto sem Conta

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O DESESPERO DA TÍSICA METAFÓRICA

Hoje meus olhos têm a cor do desencanto e minha vida tem a tristeza das tragédias. Encontro-me na masmorra de mim mesma. Tenho os pés atados a grilhões que me prendem nos subterrâneos úmidos de meu ser. Se vem a tosse, vem o sangue: ele se derrama pela minha boca que vocifera gritos de socorro que não serão ouvidos por ninguém.

Mais tosse. Mais sangue. Mais lágrimas de desencanto. Perdi meu reino sagrado, minha fortaleza ruiu. Tudo à custa do meu próprio pendor para o fracasso.

A humilhação me fez prisioneira e eu me arrependi de ter existido. Mas não culpei as pernas de minha mãe por terem se aberto. Culpei a mim mesma, por ter respirado.

Então hoje olho ao redor e tudo se tornou nada e eu pensei que só assim eu sobreviveria: tornando-me também nada.

Mas eu estava enganada.

Foi assim que morri.


in.: conto sem conta

cartas p/ felipe, fev/2011