sábado, 31 de julho de 2010

NO NASCER DOS OCASOS

A vida é algo do qual a gente gosta de falar, porque é incrível, você sabe. A vida através dos universos, sob a mão onisciente e onipresente e oninconsciente: Deus de impulsos cheios dela: vida, de novo, a nascer nos ocasos, arroubos de desejos, gôndolas que deslizam através dos leitos também vivos, rios onde trafegam estórias de ancestralidades incontáveis, seixos que escavam rochas, água, água, vida novamente, sexo, semente, água, água, eis repetidamente a vida.

Deus de novo, Alá Deus.




in.: cartas p/ giuliani, 15-06-10

quinta-feira, 29 de julho de 2010

sobre a fé

Eu bem sei que todos os caminhos do verbo apontam para um só lugar: o lançar-se a si mesmo tomado pela fé no invisível. Deus existe na medida do impossível. Criemos na alegria da existência nossos seres invencíveis.




in.: cartas p/ o professor

terça-feira, 27 de julho de 2010

sobre a vida sob o sol

Amo a liberdade debaixo das árvores

Elas dançam com o vento que me afaga os cabelos.

A vida é isso: o que vemos, o que sentimos, o que provamos.

A vida não é o que pensamos.



Olhe: ontem eu acreditei em Deus e dei eco à sua minha causa.

Eu sabia que eu estava sujeita a erros, mas eu não temia errar.



Deus me veio como num orgasmo:

ele era pura sensação e não havia pensamento que pudesse sintetizá-lo.



Eu simplesmente agradeci a vida e a liberdade



in.: cartas p/ dionis

segunda-feira, 19 de julho de 2010

poema de novo

Noite de braços transparentes
Luz do meu mais negro jardim
Onde se arrastam as correntes
Onde se escrevem todos os motins

Traga-me a força do guerreiro
Jogue em mim o seu manto negro
Leva-me ao porto derradeiro

E me guia na volta


in.: os cadernos para mim mesma

sexta-feira, 16 de julho de 2010

poema

EXPERIÊNCIA DIVINA
É TUDO
O SER EM EXERCÍCIO
E O NÃO SER AO MESMO TEMPO
SEM TEMPO

in.: os cadernos p/ mim mesma, 07-06-10

quarta-feira, 14 de julho de 2010

a fonte da juventude

Se somos tão perfeitos quanto o são os rios e as árvores então por que nos fazemos tão cheios de rancor? Onde está a verdadeira fonte da juventude? Para que buscar alquimias escondidas a sete chaves se a verdadeira magia está nos momentos mais simples: a perfeição da madeira, árvore que morta sustenta a mesa em que bebemos e escrevemos os sonhos. Tudo tem sua razão de ser e a perfeição existe mesmo na medida impura da mágoa e na arbitrariedade da dor. A perfeição também reside na maturidade e também floresce na velhice. A fonte da juventude é uma ilusão a qual devemos deixar pra trás.

(...)

Acho que tudo que escrevo precisam ser cartas.

Para todos e para

Você.


in.: cartas p/ hugh link, 13-02-10

domingo, 11 de julho de 2010

o amor do agora e sempre

Sou o amor de cada encontro único

Vibrando em corações enlaçados

Luas em céus infinitos

Sóis em galáxias vindouras


Luminosas relações a enredar momentos

A moça da voz mais feminina que já conheci

Os amigos de olhares distantes

Os sorrisos abertos pela noite infinda

A vinda das descobertas

Sou isso que experimento


Sou carne e cimento


Sou copos de cerveja

E violões rachados. Pensamento e ato.

Amor elevado à verdade.


in.: os cadernos p/ mim mesma. 03-06-10, carmo do paranaíba

quinta-feira, 8 de julho de 2010

poema em mesa de bar II

Bem antes de nascer eu já amava meus amigos
Pois eu sabia que nosso encontro seria mágica
E já sabia dos desencontros, pressentia-os na alma

Quero ver agora, que já nasci.

Que surpreendente esses momentos em que o diálogo brota.
Eu sou feliz e estou aqui.


in.: os cadernos para mim mesma
cenário, do lado do pôr-do-sol, hoje

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Morte do Vulcão

Diante da fraqueza do corpo

Eu rezo um terço sem nexo

Dor do espelho convexo

Tudo com prós e com contras


Ouço o meu terço miúdo

Rogo a Deus que Vesúvio

Não torne mais a cuspir


Vejo: a paixão vai-se embora

Onda que jaz no agora do corpo

Pra renascer amanhã só no sonho



in.: os cadernos para mim mesma, 02-06-10

domingo, 4 de julho de 2010

meu nome

meu nome é
patrícia de deus
sem querer uivo sagrado
e oração poética

sonoros vértices de dentes rangentes
rigorosas sombras pulverizadas de fumaça
poeira cósmica falsificada

demodê ô caralho
meu nome é
dromedário.

in.: os cadernos para mim mesma, 04-06-10
carmo do paranaíba, MG

quinta-feira, 1 de julho de 2010

poema em mesa de bar

Pela virtude que não teme o escárnio
E pela nobreza patética de todas as boemias
Eu escrevo sobre a mesa azul minha poesia
E sarcástica rasgo o verbo que alforria
E retorno ao jugo da escravidão:
Sou filha da terra estuprada pelos pais
E desprezada pelas filhas.
Sou a poetiza que se quer poeta
E sem cerimônias quebra a seta de Eros
E oferece cerveja à Baco.
Sou escrava dos catalizadores
Sonhadora de mundos
Cavalgando na mesa azul do bar que abriga
Minha qualquer poesia.


em frente ao Pôr-do-Sol, 23-06-10