sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

encontrando as vozes

Eu acredito em Deus e acredito que Maomé tenha sido um dos mensageiros. Mas sei também que mensagem alguma é eterna pois nada permanece, muito embora tudo esteja conectado: e vieram Abraãão, Moisés, José, Davi, Jesus, Maomé, todos homens de muita fé guiados pelo único Deus que já existiu: Ele, o único, o inapreensível, o onisciente, ALLAH. JEOVÁ. JAVÉ.

Quaisquer sejam os nomes que queremos dar a ele que nos diz com todas as letras:

Qualquer oração tem poder.

Amiga. Deus é o maior. Só ele permanece, e, mesmo assim, nunca é o mesmo. Veja: todos os profetas já se foram, não voltará a voz. Esperamos a grande mudança, o tempo da revolução do espírito: o homem reencontra Deus à medida que conhece a si mesmo. E então ele vê que Deus é o maior e nada suplanta essa realidade. A oração cresce e se torna obra de vida.



in.: cartas p/ vivi, outubro/2009

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

cingi os espíritos

Quem disse que estamos prontos pra morrer? Se nem para a vida estamos prontos, por que estaríamos para a morte?
Ah, meras ilusões. Eis a vida pronta especialmente para a gente.
Bem-te-vi que pousa no galho: ela é fêmea pois não veste a máscara negra. Ela foi embora quando eu levantei o pescoço para não vê-la no braço da árvore que balançava. Ela tinha flores amarelas e sementes que pendiam em vagens sim vastas paisagens se dissolvendo em vida. O vento que me vibra. Os bem-te-vis cantantes. As nuvens que se assomam. Os prédios que se vingam. A anciã que espera. A criança que ainda não foi.
Quem disse que não estamos prontos pra morrer?

in.: carta p/ o sapo e as borboletas

domingo, 21 de fevereiro de 2010

em honra às lágrimas

Todas as lágrimas são justificadas.

Quando caem é para serem verdadeiras

Mesmo num palco de teatro

Ou numa sala de delegacia escura

As lágrimas são lindas

Pois ora, veja a criança que chora

com as mãos cruzadas

e as cabeças entre as pernas

as culpas e as cruzes

não seria sua face

molhada e contraída

o espelho

da própria beleza

de Deus?

Mas não chore,

criança.

É tão bom brincar!.



in.: cartas p/ hugh link

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

o espírito criança

Sim, me lembrei já que ontem outro meninim ligou serelepe pra mim, e a meninice custosa dando cambalhotas pelo texto para relembrar nossas gargalhadas de crianças, éramos pequenos mas sabíamos conversar com os animais, as árvores e as pedras, habilidade que perdemos estupidamente quando nos tornamos adultos; mas o menino gritava: pelota! E era uma bola latina descalça no asfalto, pelada, hermanos e irmãos jogando juntos no mesmo time:
Hasta la revolucion del
Espírito que enche-nos de luz.

Não é preciso saber como. É preciso saber que é.

Sim, pois o sentido é encontro,
Esse é o encontro: sentido!
Eu, você, ele, elas, todos. Um lapso cheio de encontros cósmicos.
Quantos somos, quantos fomos, quantos não somos mais.
Poeira divina
Carreguemos o arsenal do amor. Amém

É bom: luz é Deus. Até a planta sabe.
Vida. Que divino!


in.: cartas p/ felipe

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

sentires

O sentido da vida são sentires

O som da água corrente

A palavra acuosa

A aranha tecendo sobre nós

Os seus muitos olhos.

Bem, o sentido da vida são os encontros.

A folha seca que cai sobre o ombro

De novo a aranha pulando sobre o papel

Os olhos que se cruzam

E as existências que se vão quase sorrindo.

Sim, os sentidos da vida.



in.: cartas p/ helô

sábado, 13 de fevereiro de 2010

inspirando guimarães

O Guimarães, aquele rosa. Ele tinha umas tirada cabulosa. Tipo aquela: viver é muito perigoso. Eita verdade incisiva.

Estou naquele dia de alegria dura, de tristeza lânguida. Não sei da Lua, contemplo os dedos e faceio o sono. A alegria existe e é relance: momentos faceiros e súbitos; a tristeza não existe mas dura uma eternidade.



in.: cartas para amarante

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

sobre a viagem

O céu é bem cinza, as nuvens baixas, a terra úmida. Eis o panorama: o ônibus anda e os pássaros voam. Eu me desloco: busco os caminhos que me levarão a mim mesma. Sei que o conflito é iminente: hei de encarar meus demônios, é época de renovação. Meu corpo busca meu espírito: meus joelhos se articulam para que meus pés me sustentem: minha alma tem o peso dos séculos, e ela quer sorrir, pois o conhecimento é a chave e é atrás dele que eu estou indo. As paixões são passageiras. A essência permanece indefinidamente.

Meu nome é Peregrino e eu procuro Deus.

A grande viagem é a vida, e ela não tem volta.








in.: os cadernos da chapada, vol II - Cavalcante

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Descobrir e Cobrir os Irmãos


Pois ora. Pois ore.

A humanidade é linda, assim como toda criação. Há flores sem tréguas murchando no copo com água. A saudade que se escreve nos sulcos dos troncos das árvores. A fogueira queimando a vida e a água molhando a morte. A viagem singular única: transmigração. Estupor e desprezo. Alegria e tristeza. Rancor e perdão. Os nós atravessados nas cordas que se cruzam. A humanidade criada junto com a terra que se torna barro. Amor.

Fim.

Começo.

Acaso.

Destino.

Meio.



in.: cartas para o sapo e as borboletas

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

a unicidade divina

Sim. Sim. O positivo me invade. É a lembrança de Deus molhando a fronte. Os pés massageando a lama, a fogueira que traz calor, os sonhos da realidade que circunda: estamos todos conectados como células num tecido.

Vejo minha avó tecendo a roca. É a sabedoria em doses homeopáticas: essa que vem dos nossos ancestrais. Eu sei que havia algo sagrado em cada colherada de arroz, em cada movimentar de lenhas. Era lindo. Era amor, mesmo o frango que morria, era amor.

Eu sei que não preciso mais temer a solidão, pois é somente ela que existe. Minha avó sabia. Talvez soubesse ainda mais no dia de sua morte.
Estou cheia. É imenso. Graças a Deus.


in.: os cadernos da chapada, vol II - Cavalcante