terça-feira, 24 de outubro de 2006

e o livro sendo escrito

- Tenho que parar de fumar.
- Eu também. Mas enquanto isso não acontece eu vou fumando.

E Marcelo acendeu mais um cigarro. E Lavínia sorriu em mutualidade e acendeu ainda mais um.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

o perder-se no espelho

Perco-me mais uma vez, cara mia
E perdendo-me penso em você me superando
Em tamanho
E conhecimentos diversos dos meus

E me desprezo ao pensar perder-me assim
Tão pequena e desesperada, quase vil descuidadamente
Nas mãos de sua imagem no espelho.

Nos sonhos de outro deus acreditado.



(p/ j.)

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

carta para mais um carneiro

(...)

mais uma vez o tic tac do relógio. A madrugada tocando seus instrumentos. A minha alma única e desconhecida. Minha carne certa, sólida como pedra. O fardo da consciência por sobre as costas de mármore. Caminho no ritmo do tempo, sempre tão intangível mas essencialmente dominante em todos os níveis de pensamento. O sentimento permeando tudo. A certeza do irrevogável destino de tudo: a finitude que necessita solenidade.

Sou eu e meu coração que pulsa pelo poder do universo. Nesse sentido, o amor se expande a todos os níveis também, colorindo vermelho minha forma de pensar. Como ainda mais linda ela seria se pudesse ser minha de corpo, alma e consciência. Seus lábios curvilíneos seriam ainda mais perfeitos e suas manias seriam mágicas. Ainda assim, da maneira que toda ela é, ainda assim sua presença é música para meus ouvidos. Ela única com suas próprias decisões.

E o amor que também acaba é o amor que dura como dízima periódica, o amor que continua pelas reticências afora.

A vida, tão finita. Solenimente a vida eterna e única.