sábado, 29 de julho de 2006

j.

enquanto fumava pensava todo o templo nela e em seu olhar pretensamente indiferente, a parcialidade que preenchia a sala dolorosa. o conhecimento triste do inevitável.
inevitável. inconsciente: a certeza da relação de brinquedo, a mentira que era verdade por não ser segredo.
enquanto fumava pensava apenas nela, mas não em todo o significado incerto que ela exalava em direção a seu subconsciente, e enquanto fumava se perdia nela.
e às vezes sabia que a presença, mesmo bruxuleante e vaga, aquela presença dela seria sempre um perder-se nela por perder-se em si mesma.
a vendida e necessária relação de brinquedo.
e quando fumava lembrava-se tristemente dela.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

análises de devaneios

é. e percebo q, numa análise, às vezes não é necessário um ano pra se entender um querer.

às vezes uma sessão de 25 minutos é suficiente.

e percebo q, numa análise, vc tem q estar preparado pra sofrer mto pra poder passar por cima de um outro sofrimento.

e percebo q, minha analista é a pessoa mais humana do mundo. embora ela nunca se mostre assim.

e percebo q eu quero ser como ela.

e percebo q sou única. como ela.

e não como ela.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

violetas e orquídeas

eu não sei porquê, mas também não consigo parar com a mania de fazer músicas.

eu quero. e não sei porquê.

música:
VIOLETA

Amadureça e não se esqueça:
Deixe a cabeça centrada em si mesmo.
Suas espinhas, seus deveres, seus cinemas.
Suas contas, seus problemas, seus poemas.
Sua boca prestes a dizer:

Desapareça! Sai de mim, coisa ruim!
A violeta está pedindo água, alimento e atenção pra florescer.
Olha dentro, bem pra dentro de você.
O que vê além de você?
E o que vê aquém de você?
E o que vê aí em você?
O que vê? O que vê?

Bem sabe que o mundo não pára não pra te esperar.
(Ela te disse há um ano atrás)

O vaso de plástico da violeta.
As folhas verdes da violeta.
A terra que acolhe a violeta.
O sangue verde da violeta.
Os braços abertos da violeta.
Os olhos verdes da violeta sem flores ainda.
A violeta sem flores ainda.

Ao invés da malícia, que venha a justiça.
Pra si. Pra ele. Pra ela.

sábado, 15 de julho de 2006

narciso se ama e se quer

tem jeito não. tem umas manias que a gente não larga nunca, e não porque não consegue, mas simplesmente porque não quer.

porque depois de mais de um ano de análise, seria uma hipocrisia muito grande eu afirmar que a gente faz o que não quer. no fundo no fundo a gente faz o que faz porque quer e pronto.

sim. você chora porque você quer. você não deseja chorar, mas você quer.
e você trabalha porque você quer. pode até não desejar trabalhar, mas quer.

às vezes a gente faz algumas coisas porque somos forçados a fazer. mas, mesmo forçados, a gente faz porque quer.

isso tudo pra dizer que eu não vou por enquanto largar a mania de jogar palavras solitárias nesse imenso deserto de dígitos. porque eu ainda quero me mostrar de alguma forma, nem que seja só pra mim mesma.

e porque quero???

bem, aí acho que lá vem mais um ano de análise....