quinta-feira, 15 de maio de 2014

aceno o verso

Nunca compreendi por que escrever.
Decerto também nunca consegui explicar escrever
Pois se o tivesse teria parado vislumbrando o silêncio eterno.
Mas eis que ressurge o verbo, ele é silábico.
Sonoro que bate desperto ponteiros de segundos trágicos
A vida, um sopro, um clanger de sinos,
Uns moleques indo, outros defenestrando-se
Bólidos no mundão, bandos deles, meninos
Almas que vão caindo pelas noites babilônicas
São Sérgios, Romérios, Patrícios e Verônicas
Bebendo o gim, a água tônica, a catuaba de cada dia
Roubando a cena em cada espelho
De cada lar, de cada beco
Que nos coloca esse roteiro
Essa estória de destruição
Essa aventura rumo ao fim
Esse lamento sem salvação:
Humano desatino
Que ressoou do meu coração.
Poesia da juventude desastrada
Nessa estrada envelhecendo
Nesse verso se escorrendo
Assim tão puro,
Quase ingênuo.
Meu verso...
Um aceno.



10-03-14
OTTO, Leandro.
In.: Dias de Transição.