terça-feira, 30 de agosto de 2011

MADRIGAL AOS SANTOS NOMES

Ontem à noite fui à Cruz tocar violão. Na encruzilhada pedi Exu que levasse mensagem a Oxalá. Eu cantava no improviso deixando a palavra ritmar por conta própria: senti a presença da força invisível pulsando em minha voz. Foi quando Ogum veio me dar força e coragem para continuar humildemente pedindo a Deus para que me guiasse à senda reta, o caminho dos justos, longe do ódio e próximo do amor. Oxum também apareceu se lembrando de quando ofereci meus cabelos ao rio pedindo que todo rancor fosse embora. Bela e amarela a mulher das águas levou minhas palavras a Iemanjá: minha oração caiu no mar e eu cantava sem cessar deixando as rimas do acaso soarem ao sabor das entidades. Lindo foi perceber que aquela canção única era endereçada aos céus e ecoaria incessantemente em direção às estrelas. Meus cabelos se dispersaram na imensidão do mar e eu me juntei a todos os santos louvando a unicidade sagrada de Deus, presente em cada coração que pulsa: melodia e ritmo, na harmonia da vida.


in.: os cadernos p/ mim mesma, 04-08-11

sábado, 27 de agosto de 2011

a varanda de mariana

Na varanda da Mariana, entre as plantas, ouvindo os carros zunirem no minhocão lá embaixo. Bichos de metal caçando suas presas na selva de concreto. Eu bicho de carne abraçando o verde que me acalma e acolhe. Cheirinho de arruda e cânfora e a manhã se abrindo. O que o destino nos revela é insondável labirinto!

E lá vamos nós outra vez...

Quero sampar agora...

(...)

Pequena volta no centro para esprairar as idéias. Volto para a alameda Glete seguindo o minhocão e subo ao nono andar pra tomar coca-cola na varanda. Lá em cima a São João encontra a Ipiranga mas é aqui dentro que algo no meu coração acontece.

in.: os cadernos de sampa, 15-08-11

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

no butantã

Hoje na terra da garoa

O tempo voa

De soslaio na janela

Céu cinzento que escurece noite:

Escuro gris melancólico

Na boemia paulistana:

Nossa política é triste,

Esperança descolorida.

Bebemos a nossa sina,

Brindamos sonhando a vida.


in.: os cadernos de sampa

14-08-11

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

revisitando velhas melodias

CANÇÃO NO AR

Cê me olha assim como se não quisesse nada de mim.

E eu olho sem ver como se não quisesse enxergar você.

Ce não vai saber. Não vai saber.

Eu não vou saber. Não vou saber.


Eu não quero dizer: eu amo...

Eu não quero saber se eu amo...

Mas um dia você irá relembrar um olhar.


E eu imagino a lua surgindo

A noite vindo...

Finda a nossa estória,

A minha memória

É uma canção no ar...

Cê não vai dizer. Não vai dizer.

Eu não vou dizer. Não vou dizer.

(...)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

RITMO DE AMOR TROTANTE

Sonoro peito meu. Coração que bate. É ela na meia-calça. Preta. Cor que desfaz meu ritmo. Sinto um arrepio, não preciso de mais nenhuma. Passo a mão em sua nuca, ela passa a mão na minha. Beijo que te quero lento, torna-te voraz mordida!

E depois ela vai embora, e eu retorno à vida. Longe dela há tantas outras, não lastimo a partida! Mas, se ela volta e vem, traz no reencontro um tão grande bem dentro do meu coração! Por que eu diria não, quando ela quer ser minha: todo dia, todo dia! Nossos momentos a sós! Olhos lindos, olhos raros, quero os meus olhos em vós!


IN.: cartas p/ amarante, jun/2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PAZ E AMOR

nova canção que surge...

NA PAZ E NO AMOR

Lá o céu dourado
Está mostrando um caminho prra você trilhar
Ouro lapidado
Vem da madeira que você vai imaginar
Arregace as mangas
Pois o seu rio também vai cair no mar
Deixe a esperança
Soar no peito que você irá cantar:

Peço paz pra você e o amor vai viver em mim.
E se o amor doer, vou lutar pra vencer
E perseverar no que é bom pra mim.
E perseverar no que é bom pra nós.

Não vá destruir o amor!
A paz dilacera o rancor.

(continua...)