quinta-feira, 25 de maio de 2006

porque sempre irá doer

ESPERANÇAS



Oh! si elle m’eût aimé...

Ah! Se ela me tivesse amado..
.

ALFRED DE VIGNY, Chatterton


Se a ilusão de minh’alma foi mentida
E, leviana, da árvore da vida,
As flores desbotei...
Se por sonhos do amor de uma donzela
Imolei meu porvir e o ser por ela
Em prantos esgotei...

Se a alma consumi na dor que mata
E banhei de uma lágrima insensata
A última esperança,
Oh! não me odeies, não! eu te amo ainda,
Como dos mares pela noite infinda
A estrela da bonança!

Como nas folhas do Missal do templo
Os mistérios de Deus em ti contemplo
E na tu’alma os sinto!
Às vezes, delirante, se eu maldigo
As esperanças que sonhei contigo,
Perdoa-me, que minto!

Oh! não me odeies, não! eu te amo ainda,
Como do peito a aspiração infinda
Que me influi o viver...
E como a nuvem de azulado incenso...
Como eu amo esse afeto único, imenso
Que me fará morrer!

Rompeste a alva túnica luzente
Que eu doirava por ti de amor demente
E aromei de abusões...
Deste-me em troco lágrimas aspérrimas...
Ah! que morreram a sangrar misérrimas
As minhas ilusões!

Nos encantos das fadas da ventura
Podes dormir ao sol da formosura
Sempre bela e feliz!
Irmã dos anjos, sonharei contigo:
A alma a quem negaste o último abrigo
Chora... não te maldiz!

Chora e sonha e espera: a negra sina
Talvez no céu se apague em purpurina
Alvorada de amor...
E eu acorde no céu num teu abraço
E repouse tremendo em teu regaço
Teu pobre sonhador!

ÁLVARES DE AZEVEDO, Manuel Antônio. Lira dos 20 anos.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

minha amiga me esqueça para sempre me lembre

EGOLATRIA

Eu só Eu.
Diante do espelho.

Narciso que me desculpe.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

subjetividade dolorosa

fugir pra onde se qualquer lugar é onde estou?

quarta-feira, 17 de maio de 2006

carta ao mininin

(...)Já sei. Tá tudo entendido. Tenho que parar de ser mimada.

O sexo é selvagem, amigo. É todo ele natural.
Humano transcende tudo. Humano tem mania de transcender, de querer transcender tudo.
Gosto da cor da Aurora.

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Sou comandante tentando manter o leme firme
Na tempestade fria escura
De um dia cheio de mortes
As palavras enterradas dolorosas dentro do fundo
afogadas no interior do mar
(A criança mimada. A música pop. Os sutiãs deslocados.
O pão com queijo. O futebol. A barba ruiva.)
Todas mortas
Cumpridoras de destinos que transcendem o raciocínio
Sepultadas todas num mar de frases sedentas
Onde olhos mar
Onde olhos marejados sal
Boiam em seus sentimentos duvidos
Pedindo água doce Pedindo hidratação
No dia escuro
O tabuleiro e as jogadas imprevisíveis
A causa e a conseqüência dentro da orquestra divina
Os plangentes instrumentos muitos nas mãos inocentes dos homens

Naufraga uma fantasia

sábado, 6 de maio de 2006

sem título

Imagino apenas.
E imaginar só não quero mais.

Pois de nada me adianta
Imaginar apenas.

Fico com meus dedos que tocam os teus dedos
Apenas em papel.
Fico com meus lábios que te jogam palavras sujas
Inventadas em papel.
Fico com meus olhos que perscrutam tua alma
Tua alma de papel.

Deste papel em alma dobro um avião pra voar bem longe.
Longe de mim.

Pois de mais nada me adianta
Imaginar apenas.
Pois imaginar só já me bastou.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

amém

A Lua, bela como sempre
Que paira na noite, sorridente.

Jesus morreu no amanhã.
Viveu como eu sorrateiramente.

A Lua toda assim imponente
Que dá a luz para a noite fria.

Maria, mãe que nos deu presente
Nos pés da cruz dor derramaria.

13-04-06
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eu consigo encontrar outras temáticas para além do amor. mas não é tudo obra do amor?

amai-vos uns aos outros e blá mais blá.