quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

quando enfim sentava e estava só ela e suas palavras

and the silence is my melody


guardado em caminhos em correntes de códigos binários:

Quando enfim sentava e estava só ela e suas palavras. Seus dedos correndo cegos pelo teclado, as emoções voltando e se revoltando contra ela, as imagens aparecendo do nada. Quando estava só e não restava nada, era o princípio e era o verbo. Ela temia aquele momento, temia as palavras, ela temia a verdade que sabia ser uma armadilha, uma trégua passageira duma guerra que nunca teria fim. No princípio, era o verbo.
E vinha. Era uma terça-feira de dezembro, o iminente feriado já deixando as ansiedades reverberarem na alma. Eminentes símbolos, os números, também. Início de ano, final de ano. A possibilidade de um recomeçar. Os homens e sua escravidão contínua: eram símbolos e mais símbolos contra a agonia do viver, contra a irracionalidade absurda da própria existência “humana”. No princípio era a idéia, e nada mais.
jogado no chão um pedaço de papel de pão:
" (...)E voltava. Era uma quinta-feira cinza, também dezembro, ranzinza. Era o final de algo que, se havia se acabado, nunca antes começara. Ela não sabia o que exatamente era, mas sentia e tentava descrever a dor gélida e raivosa que cortava o seu ser e continuava cortando em milhões de pedacinhos, e continuava cortanto em mais milhões de pedacinhos, sem nunca se acabar, uma dor inerente em si, uma dor inexorável como o átomo, uma agonia intermintente tão sufocante como a perda ou ou o encontrar de si mesmo. Na verdade ela sabia, no princípio, era o desejo, e nada mais. E antes, bem antes, no tempo bem aquém dele, era puro e só sentimento, e tudo mais!"

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