domingo, 19 de dezembro de 2004

BANDEIRA, Manuel.

CHAMA E FUMO

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gôzo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto êle queima! e, por desgaça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima, ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo êle é gôsto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Porquanto, mal se satisfaça,
(como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas, tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...



(estou de férias, tudo bem, meu bem? tirei férias de nós mesmos. nós. eus. quem?)

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