sábado, 29 de janeiro de 2011

em última análise, ...

Eu falava do fim. Era numa manhã bem cedo, eu saía do consultório. Eu me desapaixonei por todos. Apaixonada eterna que era, me desapaixonei para assim permanecer. Era ela ou Ela era? Sondei o coração e ele não bombeava lágrimas. Eu estava cheia, ou quase isso. Como garrafa cheia de areia mas onde ainda cabe água. Eu não tinha medo, degustava minha apreensão. Estava livre, mas sabia que para isso era necessário que eu entendesse minhas próprias pernas, e os limites delas. Qualquer passo desmedido causaria uma queda.

Então caminhei. Andei sem medo, levada pela novidade. Acreditei em mim pois era só eu e o mundo. Então o mundo me mostrou Deus e eu deitei lágrimas de alegria e agradecimento, estranhei a natureza de sentimentos tão contraditórios, eu era só mas tinha Deus, como era possível? Entendi então que Deus não precisava ser possível, pois, mesmo impossível, ele seria.



in.: cartas p/ amarante, 03-12-10

Um comentário:

Gabriela Maria disse...

tem texto pra vc no meu blog