sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

cartoema

Às vezes pareço estar no limite: muitas coisas ao mesmo tempo, o meu caos extrapola o aceitável e a angústia latejando no peito. Impossível me desvencilhar dela. Apenas na oração consigo aceitá-la, porém nunca me livrarei dela. Nunca nos livraremos dela, mas é bom que não pensemos nela. É bom que olhemos os novos horizontes com perseverança a salgar a boca. Não há escapatória: vivamos. Atravessando os dias azuis de desilusão, as tardes vermelhas de paixão, as noites brancas em sonhos. Não consigo evitar: a poesia invade a carta e não sou eu que pedi para ela entrar. Ela atravessa minha escrita com passe livre, disfarçada nos mais variados trajes.

Ah, sim. A poesia. Ela me relembra a angústia reveladora de ser homem e mulher. Não preciso explicar: é como se minha barba crescesse a olhos vistos e meu marido fizesse serenatas apaixonadas na madrugada dos meus sonhos mais femininos. De repente me dou conta que é isso: a poesia faz com que eu me encontre mesmo perdida entre as metáforas, mesmo tão dúbia e ilógica, mesmo tão Teresa e tão de Deus.

Amigo meu!



in.: cartas p/ amarante

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