sexta-feira, 20 de março de 2009

carta para o daniel de olhos cálidos

Teu nome ressoa profético e milenar como o trabalho das abelhas ou as espumas do mar. Lembro-me de uma cova, alcova, caverna, onde leões rosnavam ameaçadores. Era na noite onde teu nome ecoou antes mesmo de teu nascimento.
Não somos nós o desenrolar das palavras, das estórias, dos sonhos dos nossos antepassados?
Sim, a profecia das abelhas
E os milênios do mar...
Nossas palavras,
Nosso ressoar.

Veja!

Hoje larguei de lado, pelo menos por enquanto, a psicanálise. Deixei-a no divã com a doutora de olhar amarelo do lado. Foi-se, num tantico de lágrimas amargas e orgulhosas, foi-se. Acabou-se.
E, do outro lado da história, meu caminho se abrindo selvagem e vacilante, mas cheio de coragem.
O bom da vida está aí. É coisa da Santa Natureza. Tem gente que pensa que o humano não é natural. Talvez não seja mesmo. Talvez o humano respire um ar artificial. Mas, então, não seria a própria Natureza uma produtora de artificialidades?
É. Não há como fugir do tecnológico. Ele nos traga, está por todos os lados. Ondas eletromagnéticas que nos trespassam subliminares, sutis, enigmáticas. Um amigo meu me disse que inevitavelmente o homem se tornará máquina, pois a vida é frágil e a máquina permanece. Me deu foi medo essa idéia dele. A máquina já não seria humana, seria?
De qualquer forma, confesso ser avessa a tecnologias. Mas estou contaminada por elas.
Talvez por isso ainda precise de amar o contato do papel e da caneta entre os dedos. Para amenizar a derrota progressiva dos manuscritos, e manter a resistência ativa e na luta pela caligrafia...
Obviamente, para além dessa grande viagem em prol da escritura sem teclas, escrevo no papel pois o correr da caneta é necessário e meu olhar busca as formas das palavras se encontrando.
Amigo! Leia e escreva sua vida com fé em si mesmo e no mundo, meu querido Daniel na cova dos leões como eu...

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