sexta-feira, 12 de setembro de 2008

carta p/ menino homem com soldados de plástico

Eu tenho dores de cabeça e sinto-me intoxicada de pensamentos. Sou mais uma alma no front e vejo relâmpagos num horizonte cinza, num horizonte sem céu. Há sangue em minhas mãos, eu rosno em agradecimento à vida e clamo o nome do Divino. Há sangue em minhas mãos e eu preciso de um cigarro para engolir a mim mesma a seco. Eu soldado, mudada para sempre.
Mais uma alma no front inundado de lágrimas que correm por dentro do peito. Mais um corpo dormente e abraçado com um fuzil na noite densa e cinzenta. Mais saudades de casa na guerra estrangeira de uma soldado sem pátria.
- Bebamos um vinho essa noite, general. Em homenagem aos mortos, por favor bebamos pois ainda, nessa noite sem céu, estamos vivos, coronel. Bebamos pois somos todos soldados e estamos vivos como homem que somos, tenente. (...) Bebamos, cabo. À vida, gente.

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