sábado, 9 de abril de 2005

eu sou mais triste hoje

por mais que eu não queira: eu sou uma pessoa cheia de preconceitos.

"Ah, meu querido Lúcio, (...) como eu sinto a vitória de uma mulher admirável, estirada sobre um leito de rendas, olhando a sua carne toda nua... esplêndida... loura de álcool! A carne feminina - que apoteose! Se eu fosse mulher, nunca me deixaria possuir pela carne dos homens - tristonha, seca, amarela: sem brilho e sem luz... Sim! num entusiasmo espasmódico, sou todo admiração, todo ternura, pelas grandes debochadas que só emaranham os corpos de mármore com outros iguais aos seus - femininos também; arruivados, sumptuosos... E lembra-me então um desejo perdido de ser mulher - ao menos para isto: para que, num encantamento, pudesse olhar as minhas pernas nuas, muito brancas, a escoarem-se, frias, sob um lençol de linho..."

SÁ CARNEIRO, Mário de. A Confissão de Lúcio

tudo aquilo que não fiz, tudo aquilo que não falei. ribombando tudo aqui dentro, incomodando.
aquilo pouco que disse, aquilo pouco que fiz. ribombando tudo aqui dentro, incomodando.

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