quarta-feira, 13 de maio de 2009

carta p/ a dona do lago

Venho dizer que sou uma farsa que persiste adiante criando mundos. É uma tarde triste, uma garota dobra barquinhos de papel para jogá-los da janela do oitavo andar. Os rios secaram, a criança é presa de seus próprios desejos. Barcos de papel não voam, a garota me chama com sua voz de mármore sonoro. Ela é mais alta que eu, ela tem um balançar mais feminino. Mas ela não sabe, não sabe que o papel é dúbio, os rios secaram, é inútil debater-se pois os barcos não alcançarão os portos.

Mas a garota me chama, ela é sonora, sua voz me perfura. Não sei o seu nome mas vislumbro o papel que ela encena: está desejosa, me acena carinhos, tenta soprar meu suor. O papel ela dobra em barco e me lança através da janela. Ela quer beijar mas, muito mais, ela quer falar para se mostrar máscara, ela vem dividir a farsa comigo que aceito passiva sua intervenção dobrada em silêncio.

2 comentários:

anne fab disse...

gostei do modo escrito...gostei do nome...gostei.

Unknown disse...

gostei que tenhas gostado
o gosto é bom...