sexta-feira, 10 de abril de 2009

continuando a carta da tristeza....

(...) ainda erro, erros, como errando pelas linhas e escutando o semáforo do Vanguart me lembro das vanguardas dadas surreais que despedaçavam a arte e percebo que na literatura eu coloco música e sou teatro pois permaneço esperando Godot e acredito no relógio mas sei de sua efemeridade pois o tempo é só estória e a história é dos vencedores, porra, e quem disse que eu quero compactuar com isso, com essa dinâmica torpe desse mundo de vencedores raros e hordas infindas de perdedores que choram a morte de um filho ou a injustiça de um P.M.? Me diga: quantos são corruptos? Quantos não o são? E os que não são, ainda estão vivos? Me diga: por que o umbigo? Senão para que olhes sua inutilidade, seu mero aspecto ornamental, o umbigo ego que cega qualquer um que viva nesse mundo de outdoors e jogadas de marketings pessoais.

A História e a Literatura são vozes dos vencedores.

Mas a Literatura ao menos humilde tenta chegar à voz dos todos outros perdedores, que ficaram sem voz diante do meritíssimo juiz da comarca.

Eu perco. E luto. Gosto do povão. Acho que sou um deles, mesmo burguesa nascida que sou.

Amigo meu. Hoje sou perdedora. Perco a fala diante dos maurícios e patrícias dessa vida.

É isso. Nunca quis ser Patrícia! Sou introvexa! Cancerígena! Caranguejeira! Puro veneno, emoção, sentimento! Sou a cadeia montanhosa de signos em avalanche de pedras atravessando as linhas e destilando o soro antígeno da cura que tenta chegar através das palavras.


27-03-09

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