segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

GORKI, Máximo

"(...)
E acrescentou com um acento de tristeza:
- Mas raro sucede que eu queira alguma cousa.
- Pelo contrário, eu quero sempre alguma cousa - replicou Malva. - Quero... o quê? Nem sei. Às vezes quisera meter-me numa barca e perder-me ao longe na vastidão infinita das ondas. Tão depressa sinto lástima de todos, sobretudo de mim própria, como sinto desejos de matar todos e dar a mim própria uma morte horrível. Quero rir e me aborreço, porque, afinal, os homens todos não merecem um pouco de atenção; são volúveis como piões.
- De madeira podre - acrescentou Serejka. - Bem dizia eu: não és gato, nem pássaro, nem pez... és um pouco de tudo... em nada te pareces com as outras mulheres.
- Graças a Deus - replicou ela, sorrindo.
(...)"

In.: GORKI. OS VAGABUNDOS - Malva.
Tradução de Araujo Alves

2 comentários:

Anônimo disse...

REALMENTE TT, EU ACHO QUE SEUS TEXTOS COMBINAM COM A PROFUNDIDADE DA LITERATURA RUSSA.

treta disse...

adoro a crueza alegre
da realidade literária russa