sábado, 26 de janeiro de 2008

poema para a

como fantasia desvelada
eis o realismo de antero de quental

SONHO

Sonhei - nem sempre o sonho é cousa vã -
Que um vento me levava arrebatado,
Através d'esse espaço constelado
Onde uma aurora eterna ri louçã...

As estrelas, que guardam a manhã,
Ao verem-me passar triste e calado,
Olhavam-me e diziam com cuidado:
Onde está, pobre amigo, a nossa irmã?

Mas eu baixava os olhos, receoso
Que traíssem as grandes mágoas, minhas,
E passava furtivo e silencioso,

Nem ousava contar-lhes, às estrelas,
Contar às tuas puras irmãzinhas
Quanto és falsa, meu bem, e indigna d'elas!

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