domingo, 8 de agosto de 2010

eros e ágape

Como o tempo é um bom camarada, ele aparece por aqui apenas para traçar a reviravolta de minha narrativa epistolar que contava o fracasso de Eros e minha rendição à casta pureza de Ágape.

E, no entanto, quinze, vinte e cinco dias depois.

Amigo tempo que vem lento mas implacável: eis a morena na minha cama, daqui do parágrafo sinto seu hálito animal e sua grave voz que denuncia o gozo e a rendição à vida: sim, veja: a culpa é de Eros, ele se esbalda em nos pregar peças!

Agora estou nua pela noite lenta: nossos corpos são barcos que navegam devagar se rendendo paulatinamente à violência das águas. Somos tragadas pela maré que insiste em dançar como nós também nua pela noite lenta.

É a força de Eros gritando na seta que atravessa

A carne.

Te digo, amigo: eu e a morena nada temos em comum.

Ou...

Quase nada.




in.: cartas p/ amarante

2 comentários:

Gabriela Maria disse...

Se, de comum, o gozo e a rendição à vida, que (muito) seja!

treta disse...

às vezes é muito o gozo e pouca rendição à vida.

e aí se despedaça em zilhões de pedacinhos.