segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

olhos em folhas verdes

é assim: insisto em usar roupas velhas, tão apegada fico às histórias que elas contam.

minha maior dor é ser eu mesma. minha outra dor é ter conhecido pessoas. minha terceira dor é saber que sou humana como elas.

"Mas como fazer se não te enterneces com meus defeitos, enquanto eu amei os teus. Minha candidez foi por ti pisada. Não me amaste, disto só eu sei. Estive só. Só de ti. Escrevo para ninguém e está-se fazendo um improviso que não existe. Descolei de mim."

"Há uma canção de amor deles que diz também monotonamente o lamento que faço meu: por que te amo se não me respondes? envio mensageiros em vão. Quando te cumprimento ocultas a face; por que te amo se nem ao menos me notas?"

"Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida. E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar."

ÁGUA VIVA, Clarice Lispector.
o livro que conta a história de minha vida tem uma narrativa que escorre como água.
No entanto...
a flor morreu seca, pedindo em silêncio a umidez entre os lábios. a umidez que não veio. a umidez que não existe.

fim.

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