Como o tempo é um bom camarada, ele aparece por aqui apenas para traçar a reviravolta de minha narrativa epistolar que contava o fracasso de Eros e minha rendição à casta pureza de Ágape.
E, no entanto, quinze, vinte e cinco dias depois.
Amigo tempo que vem lento mas implacável: eis a morena na minha cama, daqui do parágrafo sinto seu hálito animal e sua grave voz que denuncia o gozo e a rendição à vida: sim, veja: a culpa é de Eros, ele se esbalda em nos pregar peças!
Agora estou nua pela noite lenta: nossos corpos são barcos que navegam devagar se rendendo paulatinamente à violência das águas. Somos tragadas pela maré que insiste em dançar como nós também nua pela noite lenta.
É a força de Eros gritando na seta que atravessa
A carne.
Te digo, amigo: eu e a morena nada temos em comum.
Ou...
Quase nada.
in.: cartas p/ amarante
2 comentários:
Se, de comum, o gozo e a rendição à vida, que (muito) seja!
às vezes é muito o gozo e pouca rendição à vida.
e aí se despedaça em zilhões de pedacinhos.
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