Hoje era ontem e já foi.
Pra que temporalizar?
O ontem é hoje: meu vô sorri no meu colo.
Sei que era mensagem: a morte é nossa se nós quisermos.
Ontem à noite estavam encarecendo as passagens de ônibus
E hoje de manhã eu ganhava pulseiras de presente.
Sente? O dia hoje era ontem, de novo noite.
Não preciso entrar em detalhes lógicos
Pois a poesia dispensa formalidades.
A cidade é como uma constelação:
Cruzeiro que Novo estrela
Guapuruvus com nuvens e velas
Motores sonoros
A Santa Teresinha e seu neon desligado.
De cá diviso a quadra em seu quadro solitário
No mesmo momento em que escuto gritos
E me relembro dos homens do basquete.
De suas cestas, sua pontaria.
Invejo suas objetividades e no rabisco do verso grito minhas bolas:
Hoje é dia do padeiro.
Então que venha a massa real.
in.: os cadernos para mim mesma, 08-07-10