quinta-feira, 27 de agosto de 2009
o afogamento da musa
domingo, 23 de agosto de 2009
O CAMINHO PARA A ALDEIA DA LUA
Sim. Eu me tenho desesperadamente e sinto o ar do pomar inexistente que existe em minha casa amarela deitada no vale aberto de meus sonhos.
Hoje o dia passou sorrateiro... Andei solitária pelos caminhos que cortam a terra e segui os vôos das borboletas, a natureza brincou comigo em seus enigmas silenciosos. Ao mesmo tempo, sua orquestra de sons verdes preenchia meu derredor de modo solitário e ritualístico. Cada passo meu era uma oração inteira. Eu senti a tristeza do leito do rio que se deitava melancólico sobre as pedras.
Era lodo e frio. Já o cascalho era seco e tilintava quebradiço. A umidez das baixadas tinha os cheiros da minha infância. Uma flor vermelha piscou pra mim.
Feliz fiquei. E assim mesmo chorei.
sábado, 15 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
SOB A GOIABEIRA COM EXCESSOS DE LINGUAGEM
Sento-me sob a goiabeira. Respiro os segundos.
Estou sorrateira: é um gato no escuro,
Um rato entre os esgotos.
Sento-me sobre os significados:
São desperdícios, são inovações, são qualquer coisa.
Peças que não se encaixam na estrofe que quer dizer tudo.
Outro rato me desafia ligeiro: hei-lo, cinzento.
É o sol que se esconde atrás das nuvens.
É o amor que tenho e que esqueço na gaveta do porão.
Sento-me no nada: flutuo entre as coisas e a semântica é quimera.
Olhe: ali alguém morreu e aqui sua alma reverbera.
Há segundos entre os versos: eles se desprendem da intenção para encontrar a dúvida criadora.
Santa ignorância, essa dos poetas que não sabem o que dizer
Mas sentem. Sinta como sentem: furor de sensações, lágrimas que dizimam.
Há um deles dependurado pelo pescoço na árvore dos românticos.
Há outro emendando migalhas de palavras no salão dos modernistas.
Mas estão todos com o coração desenhado nos rostos contraídos
Os poetas traídos pela sombra da goiabeira que não sabe o que dizer
Eles que perscrutam ratos e cobras, gatos, ornitorrincos, antas.
Poetas com signos nos dedos e incongruências cósmicas na alma
A ouvirem o rugir do silêncio.
In.: cartas para dra. L
domingo, 9 de agosto de 2009
AGOSTO/2009/BSB
Sim. Pois nada me pertence e tudo é me dado
Como Deus numa bandeja ou a morte dormindo ao lado, eis.
Sim. Esiseis esis eis
Eis
Que Qualquer Coisa
O Pó da Estrada.
(...)
Meu querido pai.
Tudo que escrevo é pra
Vo6 2.
Feliz todos os dias.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
mais palavras
A noite cai. Eu caio junto. Esperando o sabor das estrelas.
Espero o tambor tocar na minha goela e a voz gritar:
Palavra! Chuva cósmica a descer no manto da noite infinda...
Venha dar lugar à minha cadeira de poeta.
Minha vida entorna mistérios: são sonhos e desavenças,
São ritos inquestionáveis,
Peças que desencaixam.
É o leite entornado no chão e o pedido de socorro.
Palavra: traga-me Deus de bandeja pois ele almeja
Ser presença
Ou desavença,
Repetição,
Pecado,
Sexo.
Amargo.
PALAVRA! Diga-me, quem vem lá?
Combinação mágica de fonemas que significam minha vida e
A vida daquela menina que acabou de passar
Inocente no meu horizonte simbólico
De areias que se escorrem em ampulhetas
Que se derretem no nada
Que prenuncia o fim do poema
E a redenção da palavra
Que anseia ser eterna
E morre com minha vida nos braços
Que lânguidos caem com o último suspiro
Da última,
Palavra.
In.: cartas para o professor