MAIS AMOR...
É muito difícil ter que carregar uma história inteira nos braços. Por isso eu conto várias outras. Para que a variedade labiríntica delas me disperse da minha verdadeira história, tão difícil de ser carregada.
E minha verdadeira estória chora o amor de Werther, de Florentino Ariza jovem, de Riobaldo temeroso. Ontem pela noite, com ela nos meus braços, a estória do meu fantasma de olhos incertos tomou lugar em minha boca e eu não chorei pois precisava engolir a seco e ela me ouviu sem entender realmente e eu me perguntei por que as cicatrizes daquele meu precioso fantasma ainda doem tanto.
Imaginei então que bem dentro delas o ferimento ainda pulsava dor. E pela primeira vez em anos me vi adolescente e aceitei minha ingenuidade. E pela segunda vez em anos vi e senti com todas as letras que meu fantasma me acompanhará sempre que eu tiver uma mulher entre os braços. E já não temi a presença dele, sorvi a dor e me preparei para desafiá-lo.
(...)
Redesenho minha Carlota, minha Fermina, meu Diadorim. Um fantasma de vários olhos no pesadelo das minhas linhas quebradas ao meio. Me trespassa com a rejeição, me traz lágrimas aos olhos, me condena a penitências eternas. Grilhões nas mãos e pernas, mordaças na boca sedenta, vendas nos olhos desencantados. Quero gritar mas não tenho voz.
Ah! Imaginação cortante!
O fantasma.
Na sala de fundo meu amor me espera nua e sem literatura, mas suando poesia.
Não há deslumbramento melhor que a desilusão adocicada pelo livramento.
O mote dos amargurados.
O xote dos apaixonados.
Águas passadas que novas lavarão.
03/03/2009
2 comentários:
Lindo o seu texto, mocinha. E ele me faz pensar o quanto é até engraçado a forma que as pessoas passam pelas nossas vidas - e quantas passam.
Beijão bem grandão!
=**************
passemos, passamos
passarão
passarinhos
whatever
xD
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