havia uma época, lá pelos anos mil e poucos, quando o que se sobrepunha na arte da palavra eram pequenas canções entoadas pelos arautos das cortes, pelos artistas viajantes. essas canções eram escritas basicamente para entreter os senhores e possuíam rimas simples e ritmos bem marcados. as canções de amor, entoadas pelos fidalgos bem-aventurados em homenagem a suas amantes dedicadas, possuíam uma, digamos, consistência sentimental muito grossa, abusiva.
eu gosto disso. desse sentimentalismo barato e exagerado.
"Quando percebo minha amante, um súbito tremor me assalta: meu olhar se turva, minha face se descolore, tremo como uma folha que o vento agita. Tenho a razão de uma criança, tanto o amor me inquieta. Ah! Aquele que tão ternamente se submete merece que que sua dama tenha com ele generosidade..."
Bernard de Ventadour
vai sonhando, meu caro...
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