Eugênio temia esse Deus que em vão a mãe lhe queria fazer amar. Quando à noite rezava o 'Padre nosso que estais no céu...' - ele imaginava um ser de forma humana mas terrível, misterioso e implacável. Era invisível mas estava em toda parte, até nos nossos pensamentos.
(...)
- Se Deus existe, então por que não se revelou?
- Porque até Deus precisa de oportunidades. (...)
- Se Deus existisse, eu já o teria encontrado.
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- Vocês ateus nos querem tirar Deus para nos dar em lugar dele... o quê? É o mesmo que tirar pão da boca de quem tem fome e dar-lhe em troca um punhado de cinza ou de areia.
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- Não te esqueça de que Cristo ressuscitou Lázaro. (...)
- Isso foi no tempo em que Jesus andava pelo mundo. (...)
- Mas Jesus ainda anda pelo mundo. Será preciso que a gente só acredite no testemunho dos cinco sentidos? Jesus nunca deixou de estar no mundo. O pior cego é aquele que não quer ver.
Ele sacudiu a cabeça com obstinação. Não lhe era possível distinguir a imagem de Jesus no meio daquele matagal cerrado de problemas, idéias confusas, conflitos, interesses cruzados, dúvidas e baixezas. E, se Jesus ainda estivesse na terra, decerto como medida de defesa se tinha adaptado à miséria do mundo, como um camaleão. Quis dar palavras a esta idéia. Um secreto temor, porém, o deteve. "