Não compreendo. Os olhos vêem e são eles que dão a forma. Os olhos pintam os quadros. As imagens nos povoam através dos olhos. Também compreendemos com os olhos.
Os nossos olhos devorando a natureza. Ela de verde geométrica em Brasília, ela também de cinza, natureza humana que é, de cinzas e seca e sintética como o pneu que se gruda fervente no asfalto da capital sem freios. Os nosso olhos no carro cinza que passa levando dentro e embora o nosso amor ingênuo de milênios atrás.
(...)
Vejo-me. Sorrio.
Meu único defeito é ser triste.
in.: cartas para o filósofo