Mais um dia trespassado por entre meus átomos, esse dobrar de ângulos e papéis que é o tempo nos abocanhando e mastigando e cuspindo fora para abocanhar de novo num movimento acelerado que aponta para o apagamento de sermos finalmente engolidos e passarmos ao interior da escuridão do tempo que nos toma de cabo a rabo.
Estou abestalhada. E não sei se sou eu ou é o mundo, pois tudo se confunde. Estou abelhas.
A besta existe, tem chifres espiralados e lúgubres, e um sorriso escancarado, ela existe e tem olhos vermelhos e ela sai voando com rabinhos de capeta a balançarem no traseiro empinado, numa dança de cadeiras atrevidas e zombeteiras.
Estou abestalhada. Abelhas e bestas me invadem.
In: Cartas Para O Menino Meu
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