LIRA II
Em vão do amado
Filho que foge,
Vênus quer hoje
Notícias ter.
Sagaz e astuto
Ele se esconde
Em parte aonde
Ninguém o vê.
Dos sinais dados
Bem se conhece
Que ele aborrece
A Mãe que tem.
Se os seus defeitos
Ela publica
Razão lhe fica
De se ofender
Foge o Menino
E, disfarçado,
Vive abrigado
Numa cruel.
Com mil carícias
A ímpia o trata;
Nem o desata
Do peito seu.
Se a semelhança
Sempre amor gera,
Deve uma fera
Outra escolher.
Ah, se o teu nome,
Marília, calo,
Que de ti falo
Bem podes crer.
Tomás A. Gonzaga, in.: Marília de Dirceu